segunda-feira, 31 de maio de 2010

gentileza x grosseria

Eu trato as pessoas como gostaria que elas me tratassem, no entanto, é muito mais comum eu ser tratada de forma pior do que trato os outros. E por quê? Porque são poucos os que pensam dentro da mesma linha e, de fato, tratam os outros como se estivessem tratando a si mesmos. Se as pessoas simplesmente imaginassem que no lugar do outro estaria sua mãe ou seu pai, talvez pensassem melhor antes de falar qualquer besteira. Mas o pior é saber que há tantos por aí que tratam a família como lixo! Não se importam, acham que pai e mãe estão no mundo pra lhes servir e só notam a falta que fazem quando estes morrem. Lamentável...

Durante a vida precisamos lidar com muitas pessoas diferentes, pessoas simpáticas e pessoas grosseiras. O importante mesmo é decidir o que você vai ser, independente dos outros...vai ser uma dessas pessoas simpáticas que sempre respondem com um sorriso ou dessas pessoas grosseiras que vivem de cara fechada??!

Independente de todos os bandidos e pessoas más que existem por aí...cada um precisa saber dentro de si mesmo o que é. Conhecer a si mesmo é fundamental! E ainda que seja difícil você pode sim ver flores nascendo entre o lixo...assim como é possível encontrar uma fruta podre dentro de um maravilhoso cesto de frutas frescas. É assim mesmo, bondade e maldade estão juntas por aí. Mas é importante diferenciar, ser bom não é ser bobo...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

idade

De repente o artista se curva agradecendo os aplausos, sobre o palco ainda iluminado, o artista retira a máscara. Cessa os aplausos, silêncio absoluto! O público atônico questiona, interiormente, aquela figura débil que agora está onde antes estava o jovem mocinho da peça...

Velhice e juventude se confundem...o tempo mostra na face do homem suas marcas, mas a velhice só alcança quem se deixa alcançar. A juventude é mais do que aparência física, é muito mais uma questão interior. E nisto o modo de viver influencia sobremaneira! Envelhecer é parte da vida, mas velho mesmo é quem para de sonhar e de ir atrás desses sonhos...ficar velho é parar de viver, enquanto espera a morte chegar. Ser jovem é viver enquanto espera viver mais e, mesmo desejando viver mais, aproveita cada momento como se fosse único, o último!

Assim, existem jovens de 90 anos e velhos de 20...há por aí uma juventude que já nasceu morta, adoecida pela correria atrás de coisa alguma. É o estresse que gera mais estresse, é a dor pra curar uma outra dor...

terça-feira, 25 de maio de 2010

a arte como ferramenta de lapidação

Nunca fui fã de Paulo Coelho, não porque não gosto do que ele escreve, mas simplesmente porque nunca me interessei muito por ler seus livros...então nada posso falar sobre ele, nem que gosto, nem que não gosto, estou neutra, porque sou ignorante dentro do universo de suas palavras.

Pois bem, li algo dele que gostei e concordo, por isso vou transcrever o que ele disse:

"Conseguimos trabalhar nossa vontade e nossa perseverança quando descobrimos a humildade.
À medida que qualquer lutador de artes marciais vai subindo de ranking, vai também ficando mais difícil provocá-lo para uma briga. O lutador experiente aguenta insultos. Conhece a força do seu punho, a habilidade de seus golpes. Diante do oponente despreparado, ele ri com sua alma. E vence a luta no plano astral, porque não precisa trazê-la para o plano físico.
À medida que o discípulo aprende com seu mestre espiritual, a luz da fé brilha em seus olhos, e ele não precisa provar nada para ninguém. Não importa quão agressivos sejam os argumentos do adversário – dizendo que Deus é superstição, que milagres são truques, que acreditar em anjos é fugir da realidade.
Assim como o lutador, o discípulo conhece sua imensa força. E jamais luta com quem não merece a honra do combate." (Paulo Coelho, 2010)

Esse ranking que ele fala pode ser também formas de graduação, não necessariamente combates, mas uma evolução ao longo do treinamento.

Humildade, perseverança, vontade, paciência, persistência...qualidades não só de artistas marciais, mas de guerreiros da vida. Quem pode realmente dizer que é uma pessoa melhor se não tiver estas qualidades? E não são qualidades conseguidas facilmente, a maioria das pessoas precisa penar muito, precisa quebrar a cara muitas vezes antes de assimilá-las.
O ser humano é bicho difícil de lidar! Fora as pessoas que já nascem com uma certa "luz", a grande maioria precisa ser treinada sentindo as dores da vida, para só depois de sentir no corpo conseguir sentir com o espírito. Mas é parte da vida e do treino, se bem lapidada uma pedra tem seu valor muitas vezes superado ao que era no início...e todos sabem, pedras não são lapidadas com carinhos e beijinhos, são com ferramentas duras mesmo!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

sinais

Quando a noite chega e, olhando para o céu, não se consegue ver as estrelas...o que pensar?
Espera-se mais um dia de chuva...
Mas durante a noite, se ao olhar para o céu as estrelas estiverem lá, brilhantes, então já sabe que no dia seguinte verá também o sol...
Porém, as vezes o tempo muda repentinamente, sem dar avisos ou sinais, o que se espera então?!
Nada!

Analisar o tempo e/ou a vida, é uma questão de lembrar de fatos passados e tentar ajustá-los ao que acontece no momento. As vezes dá certo, outras vezes não dá. Para as vezes que dá certo, ok, conseguiu-se o resultado esperado...mas para as vezes que não dá certo? É uma nova incógnita que surge na equação, aí o aluno diz "professor, não dá pra resolver" e trinta anos mais tarde surge uma resposta e, por que? Porque o ser humano sente necessidade de prever o que irá acontecer, não pára simplesmente e espera o que está por vir. O ser humano está sempre fora do seu tempo, ou nas lembranças do passado ou nas previsões para o futuro.

Realmente, de nada adianta ficar sofrendo e se lamentando por algo que está lá adiante, pois, talvez você ainda mude de caminho até chegar lá adiante...
O que dá pra saber de antemão é que você colhe o que planta, aí sim dá pra fazer uma previsão do futuro, enquanto se está plantando, então plante sementes de boa qualidade!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

ondas salpicadas

O mar está agitado, ondas fortes varrem as pegadas deixadas na areia da praia. O vento sopra em direção ao continente, trazendo uma névoa salgada e espessa. Os pássaros voam de um lado para outro. O som da arrebentação se sobrepões aos demais sons...apenas o grito das gaivotas conseguem romper o som do mar. Garrafas com mensagens chegam à praia, vindas de todos os lugares...são pedidos de socorro de gente desesperada! O mar está repleto delas, são centenas, milhares de pessoas presas em garrafas. Elas chegam à praia e voltam ao mar...as mensagens se perdem, pois as gaivotas não sabem ler, elas apenas gritam “está lá!”

A onda vem...e volta ao mar!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Do Livro dos Mortos

"Nem homens, nem princípios;
nem glorificados, nem amaldiçoados;
nem as gerações do passado, presente ou futuro podem infligir qualquer injúria àquele que segue e procede como uma criança eterna, aquela que existirá para sempre."

Cap. 42 do "Livro dos Mortos do Antigo Egito". A tradução dos hieróglifos foi feita pelo Dr. Ramses Saleem, a tradução para o Português eu não sei.

O Antigo Egito me atrai, gosto dos mistérios, gosto das múmias, gosto da arquitetura, das tradições, dos cultos...um povo extremamente inteligente, que estava muito a frente do seu tempo.
Há quem diga que as pirâmides foram construídas por seres extraterrestres...ok, eu acredito que pode ter sido mesmo. Porém, acreditar nisso é também desacreditar na capacidade humana!
Eu acredito que podem ter sido seres humanos a costruírem-nas, ainda que seja difícil acreditar que conseguissem atravesar aquelas imensas pedras de uma margem a outra do rio Nilo e conseguir um encaixe perfeito delas na construção das pirâmides. Mas quem pode realmente saber a que aquelas pessoas estavam submetidas?! Dizem que a fé move montanhas...

Ah sim, ser uma criança eterna...há muito a se pensar sobre isso. Ser como um receptáculo limpo, pronto para receber o líquido do conhecimento. Mas eu certamente não tentarei interpretar os ensinamentos do livro dos mortos, tantos outros já nasceram e morreram e não o fizeram. Melhor não falar sem ter conhecimento suficiente...poderia macular as idéias originais!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

amizade

Amigos...ahhh os amigos!!
Não lembro quem disse, mas a frase é esta:
"É preciso manter as mãos vazias para não dificultar o abraço..."
Mas o que isto quer dizer?
Depende...sim, depende do que entendemos por amizade.
Quantos amigos temos?? Amigos de verdade, desses que vem falar as coisas olhando nos olhos. Que brigam quando precisa e afagam quando é o momento. Temos poucos, durante a vida toda teremos poucos amigos...
Na verdade pouco importa quantos são, mas como são. E digo que para se ter amigos antes é preciso ser amigo! Mas como?! Ahhh aí que consiste a parte complexa, porque é muito fácil critiar sem antes olhar para si mesmo.

Ter as mãos vazias é estar desarmado, é deixar que o amigo chegue às costas, é estar vulnerável. É estar despido de velhas crenças que só dificultam as coisas, é confiar, é entregar-se à amizade.
Para mim quando abraçamos alguém verdadeiramente devemos fechar os olhos para sentir melhor o abraço. É uma troca de energias, e é muito diferente desses "abraços sociais" com um tapinha nas costas...
O que mais se vê é pessoas abraçando com "pedras" nas mãos. Você pode nem ver as pedras, mas as sente, é uma dor muito além do físico, machuca profundamente...

E há também o estar vazio no sentido de estar livre de preconceitos, de idéias inraizadas, de crenças e moralidades vazias. Todos devemos ter ideais, sonhos, e lutar por eles. Mas não se deveria julgar sem antes conhecer muito bem.
Deveríamos nos manter sempre em branco, esperando o que vem a seguir, sem antes começar a rabiscar umas letrinhas.
As obras de arte são criadas na mente e na alma do artista, só depois elas tomam forma concreta, através de palavras, de tinta e pincel, de argila, de notas musicais, etc, etc...
Assim também deveria ser com tudo, primeiro pensar, sentir...depois expressar!
Amigos compreendem, amigos aceitam...amigos também desaprovam, e amigos também calam. Na amizade há altos e baixos, há momentos de alegria e momentos de tristeza...só o que não pode haver é falsidade e traição!
Fora falsidade e traição quase todos os defeitos podem ser superados...sim, fora falsidade e traição...

terça-feira, 18 de maio de 2010

seguindo a estrada

Há uma estrada seguindo em frente, mas só conseguimos ver até a próxima curva.
Chegando lá, surpresa! Algo novo, inesperado, um susto...
E continua-se andando, seguindo a estrada. Volta e meia surgem bifurcações, escolhe-se um caminho e segue-se em frente.
Parar? Retornar? Não faz muito sentido, melhor continuar esperando que se encontre melhores dias.

Estou cansada...
Aproveitar o dia?! Que dia? O dia de hoje? Solitário e chuvoso?
Um dia frio...um frio que penetra em minha alma, me tira do meu caminho, me joga de cara no chão!
Às vezes nem as miseráveis lágrimas me encontram, é só dor, é um vazio imenso, uma angústia infernal!
A saudade vem pra que? Vem me lembrar de momentos bons...mas pra que isso? Pra me fazer ter esperanças, ter forças de seguir em frente e esperar por novos dias assim?! Não! Hoje a saudade vem pra me fazer sentir um nada, exatamente como este dia, um dia em branco, mais um...
Sol, chuva, nuvens...que importa isso tudo hoje?! O que somos nós afinal??

Enganamo-nos, queremos (eu quero) acreditar num mundo bom, numa vida bonita, numa humanidade verdadeira...mas será isso mesmo? Ou apenas escondemos as coisas de nós, nos fazendo acreditar em fantasias, em sonhos...mantemo-nos pelas doces lembranças...esquecemos as tristezas...mentimos pra nós para esconder a realidade suja. Sufocamos o monstro em nós, queremos dar asas ao belo, queremos ser anjos de luz, queremos flutuar sobre as flores, ir para o céu...

Hoje não existe céu, não existe paz, apenas o monstro. Dane-se!
Estou cansada demais para medir qualquer palavra, não sinto pena dessa humanidade podre, onde poucos, pouquíssimos se salvam! Eu me salvo?! Não! Sou também a parte que mata, que fere, que maltrata! Não se justifica...

Sinto vergonha por todos aqueles que plantados nas salas de suas casas sequer lembram-se do nome do vizinho...sinto vergonha por todos que gastam seu dinheiro com besteiras inventadas apenas para estragar a saúde...sinto vergonha pela estupidez que existe em cada ser humano, pela falta de visão e de coragem de mudar...sinto vergonha pelos que tem medo de tentar, que passam a vida sem nunca tomar uma atitude para sair da merda onde se encontram...sinto vergonha porque o ser humano acredita mesmo que é quase um deus, mas esse deus que acreditamos ser é apenas o nosso monstro, o mostro dentro de cada um...
...e sinto vergonha de mim, por ser assim também.

Escolher as palavras melhor?! Dane-se novamente!
Sou tomada por um misterioso instinto de escrever ao estilo "auto-ajuda". Mas então hoje resolvi sair deste clichê no qual sem querer fui penetrando.

Mas ok...escolho agora uma palavra bem de acordo com meu estado de espírito hoje: kumori! ...mas entre nuvens negras...

Podem fechar as cortinas, no silêncio e sem aplausos, o artista nasce e morre no palco.
Na saída do teatro ninguém lembra o nome da peça, mas eu lembro, ela se chama: vida!

fantasia de humano

Estava Donnie no cinema com uma garota, ela dormia enquanto ele via o filme. Então Donnie (Darko) olha para o lado e lá está Frank, vestido como um coelho gigante e assustador. Aí vem uma das melhores partes do filme...
Donnie olha para Frank e pergunta:

- Por que você não tira essa fantasia estúpida de coelho?

Frank responde perguntando:

- Por que você não tira essa fantasia estúpida de homem?

...

É só isso mesmo. Porque as vezes a humanidade não é mais do que uma simples fantasia...

domingo, 16 de maio de 2010

trabalhar sem maquinar

Vou agora transcrever algumas palavras de Henry David Thoreau, referente ao modo de viver das pessoas. Eu acredito que o trabalho é de vital importância, mas há muito mais coisas de vital importância para nós...em fim, disse Thoureau:

"Por simples ignorância e equívoco, muita gente, mesmo nesse país relativamente livre, se deixa absorver por preocupações artificiais e tarefas superfluamente ásperas, que não pode colher os frutos mais saborosos da vida. A excessiva lida torna-lhes os dedos demasiado trêmulos e desajeitados para isso. Na realidade, o trabalhador não dispôe de lazer para uma genuina integridade dia a dia, nem se pode permitir a manutenção de relações mais humanas com outros homens, pois seu trabalho seria depreciado no mercado. Não há condições para que seja outra coisa senão uma máquina. Como pode ele ter em mente a sua ignorância- atitude indispensável ao crescimento interior- quando tem de usar seus conhecimentos com tanta frequência? Às vezes, antes de julgá-lo, deveríamos dar-lhe roupa e comida, além de chamá-lo para beber conosco."

Obviamente que o país relativamente livre de que Thoureau falou não era o Brasil. No Brasil toma-se isto muito ao pé da letra, mesmo que a grande maioria da população nunca tenha ouvido falar de Thoureau. Aqui se pensa em curtir a vida, no jeitinho brasileiro...e o resto que se dane! Nenhuma das coisas devem ser neglicengiadas, nem o trabalho, nem os prazeres da vida. É bom aprendermos a trabalhar para apreciar a nossa vida, não para os outros apreciarem...
Aos amigos a gente dá comida e os convida para beber conosco! Quanto aos outros, um pouco de trabalho também é remédio...
Egoísmo?? Não, isso é não tornar-se máquina, cada um que nasce com os dois braços, as duas pernas e uma cabeça boa tem perfeitas condições de trabalhar e sobreviver por si só. Mas normalmente são as pessoas que não tem estas perfeitas condições que são os maiores exemplos. E por que? Porque não contentam-se em obter os prazeres através de outros, querem buscar por si só, querem conquistar, querem sentir o sabor de vencer na vida!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

acalmando os sentidos

O sol reflete na janela entreaberta, uma manha linda se estende por toda minha volta! A intensa claridade ofusca-me a visão, mas não me importo...saindo de dias excessivamente úmidos e tensos faz muito bem uma manhã fria de luz e céu azul. Acalma o coração, nutre a alma, fortalece o corpo...

Uma calma profunda e serena aquieta todas as coisas, faz a manhã parecer eterna em seu despertar. Imensa é a vontade de sair pela janela, “andar” sobre as árvores, deitar em grama verde, verdadeira, nas montanhas lá adiante!

Paz, sim...é isto! Não há o que anime mais que um dia bonito e paz nos sentidos, sem grandes exaltações, nem extremos, apenas uma suavidade doce e constante...

terça-feira, 11 de maio de 2010

mal sintonizado

Cinza, entre chuviscos, como numa TV mal sintonizada...lentamente as cores foram reaparecendo...os contornos foram aparecendo, as formas surgindo. De repente estava de volta, cores e formas, tudo em seu lugar!
Engraçado mas dessa vez a chuva não me parece tão bonita, talvez seja o frio e a sensação constante de umidade, água nos pés, as mãos geladas, é uma sensação que não agrada muito. Fosse o sol a aparecer hoje certamente adoraria andar por aí sem rumo...mas assim, na chuva, tudo parece mais distante...
A distância é encurtada pelo sonho, a vontade de se aproximar, de seguir e de chegar. Quando ponto de partida e chegada estão no mesmo lugar pode parecer que não houve deslocamento...mas a experiência contradiz isto, prova que pode haver uma distância infinita entre dois pontos exatamente no mesmo lugar. Ou talvez não a experiência, mas o modo como se vive.

A ciência explica tudo...mentira! Ela tenta explicar e, não conseguindo, nega veemente tudo que não explica! É por isso que a ciência atrai tanta gente, porque é mais fácil simplesmente negar. Aceitar é outra coisa, para aceitar é preciso estar com mente aberta, coração límpido, longe do “kumori”...mas eu digo que aceitar é ainda mais difícil do que explicar, do que provar...mas é também o primeiro passo para compreender. Mas ok, nem sempre se compreende, até porque nem sempre é preciso compreender. A aceitação já é uma forma de compreender, não o fato, a coisa em si, mas o sentimento envolvido...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Branco

Branco...de repente tudo ficou assim! Um imenso universo branco, sem contornos, sem mais cores, uma união extrema entre tudo! Branco e sem movimento, branco, apenas isso, somente branco...

Às vezes é preciso aumentar o brilho da tela para ver os detalhes ocultos nas sombras...mas, cuidado! Brilho demais engana a percepção, cega mesmo!

Hoje é só isso...branco...

Réquiem

Nasci de madrugada, na escuridão e de olhos fechados...
Morri ao meio dia, sol a pino, claridade tamanha que cegava...
Vivi entre os dois extremos, entre claros e escuros, entre luzes e a falta dela.
Vivi entre vivos e mortos, entre o frio cortante e o calor sufocante, uma vida de dores infernais e prazeres celestiais!
Encontrei o amor em tudo que criei, do poema mais intenso à piada mais infame...um amor que era entrega, que era dedicação, o suor de minha face, as lágrimas de meus olhos, os sorrisos de meus lábios...solitário e melancólico, alegre e compreensivo...
Encontrei mais do que isso, encontrei uma sepultura lacrada, uma tumba vazia.
E de quem era esta tumba? Ela é minha, sim, a me esperar...
Mas hoje dou risadas para a morte, eu a vejo como uma criança pequenina, com a mesma face que a minha! Me espere pequena criança, espere bastante, pois não estou com pressa...eu caminho livre, paro e observo, sigo sem me importar com ela!

Eu respiro um ar rarefeito, e transpiro a coragem de seguir em frente. O ar se acaba mas não me importo, continuo prendendo a respiração até o fim. Lá no alto da montanha, quase pude tocar o céu!! Sim, a imensidão agora era toda minha, a minha volta tudo era branco, toda a dor sepultada juntamente com o medo que sentia...ali, naquele momento tudo vinha de encontro a mim. Naquele pequeno espaço de tempo, enquanto prendia o ar em meus pulmões eu podia sentir toda a vida percorrer-me, dos pés aos cabelos, cada gota de vida nutrindo minha alma! E então,
quando não pude mais segurar o ar, comecei a soltá-lo lentamente, minhas mãos tocando o nada e eu sentindo tudo a minha volta! O vento cortava-me a face, levava consigo todo pesar...e enquanto esvaziava os pulmões decidi não me despedir de nada...afinal, quem sabe realmente quando chega o fim?!

Eu canto um réquiem inacabado...

domingo, 9 de maio de 2010

Manhã de outono

Quando amanheceu o sol já estava lá, sua claridade esparramada sobre as montanhas, seu brilho reluzindo lá no céu!
Céu azul, nuvens brancas e esparsas, um céu que conduzia direto ao sol, o mais azul dos azuis, como a pintura derradeira do maior pintor!
O vento gélido fazia a ligação entre o céu e o sol, uivava, cantava, tocava como a mão mais suave, como o beijo mais desejado, como os lábios mais doces, o olhar mais sereno...
As árvores dançavam num imenso palco azul, iluminadas pelo amarelo do sol, impulsionadas pelo vento que soprava e soprava, varrendo os lamentos, trazendo consolo, transpondo a saudade! Dançavam com suas folhas, e galhos e algumas flores, balançando-se com a mesma sincronicidade das algas na maré cheia, dançando no ritmo das ondas do mar...
Sim!!!! Tudo é azul e imenso, é um mar sem água, é um oceano de sentimentos difusos que se unem, que contornam o tempo, dividem o espaço...aproximam-se (aproximaram-se) de mim hoje cedo, enquanto céu, sol, vento e alma eram um só!

A(hhh) liberdade!...aqui está, ela não vem de fora mas de dentro...ela não penetra, transpassa...o encontro entre vontade e persistência, entre o que é bom e necessário, um desapego, o sincero, o belo e virtuoso, a cura, a sabedoria...A árvore que cede ao apelo do vento forte e se mantém viva enquanto por um momento cede aos apelos desse vento, e depois novamente se ergue, altiva, firme como sempre...

Ser livre? É sentir-se livre, é olhar pro céu numa manhã de sol e abraçar as árvores...é ser uma árvore balançando ao sabor do vento, é viajar entre as folhas, é ser folha também, é ser vento, é amar o dia como ele surge...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Kumori

A chuva cai, a janela aberta faz o vento cortar o espaço.
A noite silenciosa desliza por entre os dias.
Os pássaros calados apenas observam, voam até o céu, buscam a chuva e descem com ela.
A grama cresce lentamente enquanto as folhas caem, o outono está aqui.
As nuvens passam apressadas, escuras como a noite, como o céu e a plumagem dos pássaros.
Há um encontro, um reencontro, uma busca entre dois extremos.
Buscamos a paz atacando com o ódio.
Buscamos sobreviver saciando nossa fome, enquanto matamos para isto.
É a morte que gera a vida, o caos que cria uma nova ordem, a dor que faz florescer a esperança.
É a tristeza que prova a alegria, é a saudade que procura a companhia...

Dias nublados não são tristes, são momentos de renascer, de ressurgir, de criar e florescer. A chuva quando cai transforma a semente em flor, leva a poeira dos caminhos, lava os rostos cansados. As nuvens não nos impedem de ver o sol, elas nos protegem a visão! As nuvens passam e se dissipam, e o céu sempre estará acima delas, mesmo na noite, na escuridão...apenas são os nossos olhos que não nos permitem ver direito.

Desânimo num dia nublado? É a cegueira coletiva e o medo de se molhar...
Não fechemos nossa casa (nós), deixemos sempre uma janela aberta, pode ser uma janelinha!